quinta-feira, abril 27, 2006

A jaula


Lá fora faz sol.
Não é mais que um sol
mas os homens olham-no
e depois cantam.

Eu não sei do sol.
Sei a melodia do anjo
e o sermão quente
do último vento.
Sei gritar até a aurora
quando a morte pousa nua
em minha sombra.

Choro debaixo do meu nome.
Aceno lenços na noite
e barcos sedentos de realidade
dançam comigo.
Oculto cravos
para escarnecer meus sonhos enfermos.

Lá fora faz sol.
Eu me visto de cinzas.


Alexandra Pizarnik

3 Comments:

Blogger poca said...

muitas vezes, que se fecha... somos nos próprios!

3:03 da tarde  
Blogger joão said...

E são jaulas que alejandra canta.

Em que muitas vezes nos fechamos.
Mas também é importante conhecer as nossas próprias jaulas, nem sempre desertos. Têm a melodia do anjo e o sermão quente do último vento, barcos, travessias nocturnas até à madrugada.

Vida com sol e sombra.

E conhecendo-as saber estender a alma ao sol.

E obrigado por visita:)

4:38 da tarde  
Blogger Seamoon said...

acredita no sol e joga fora as cinzas...adorei o poema.bjs

11:08 da manhã  

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