A jaula

Lá fora faz sol.
Não é mais que um sol
mas os homens olham-no
e depois cantam.
Eu não sei do sol.
Sei a melodia do anjo
e o sermão quente
do último vento.
Sei gritar até a aurora
quando a morte pousa nua
em minha sombra.
Choro debaixo do meu nome.
Aceno lenços na noite
e barcos sedentos de realidade
dançam comigo.
Oculto cravos
para escarnecer meus sonhos enfermos.
Lá fora faz sol.
Eu me visto de cinzas.
Alexandra Pizarnik
3 Comments:
muitas vezes, que se fecha... somos nos próprios!
E são jaulas que alejandra canta.
Em que muitas vezes nos fechamos.
Mas também é importante conhecer as nossas próprias jaulas, nem sempre desertos. Têm a melodia do anjo e o sermão quente do último vento, barcos, travessias nocturnas até à madrugada.
Vida com sol e sombra.
E conhecendo-as saber estender a alma ao sol.
E obrigado por visita:)
acredita no sol e joga fora as cinzas...adorei o poema.bjs
Enviar um comentário
<< Home